Golfinhos são sádicos, vacas têm inimigas, gatos e cachorros são experts em
dissimulação e galinhas fazem planos para o futuro. A ciência revela o universo
oculto no cérebro dos animais.
por Eduardo Szklarz e Alexandre Versignassi
"Uma barata não sabe que é uma barata. Você não teria nojo de
você mesmo se acordasse como uma - só iria pensar em comer uma lata de Nescau
na cozinha. Mas um golfinho sabe que é um golfinho. Um elefante sabe que é um
elefante. Um cachorro sabe que é... gente. O incrível é que, até há pouco
tempo, a ciência não aceitava isso. Dividia tolamente a vida entre
"humanos" e "animais" - como se uma baleia tivesse mais a
ver com uma ameba do que com você. A noção geral dos cientistas hoje é bem mais
complexa: a diferença entre as nossas faculdades mentais e as dos gatos,
chimpanzés e periquitos seria de grau, não de tipo. É como comparar um porsche
com um Fusca: há uma clara diferença de nível entre eles, mas ambos são carros.
E saíram da prancheta do mesmo projetista.
O próprio Charles Darwin é um
precursor da noção moderna de como a ciência vê os animais. Para o homem que
descobriu a identidade do projetista de homens e animais (a seleção natural), a
mente parecia seguir uma certa continuidade ao longo da evolução das espécies.
Os bichos mais abaixo na escala evolutiva também teriam inteligência e
sentimentos, só que em níveis distintos. E Darwin estava certo. "As
evidências de hoje indicam que muitos animais sentem alegria, tristeza,
pena...", diz o biólogo Marc
Bekoff, da Universidade do Colorado.
Claro que as pesquisas têm limitações: não existe uma máquina capaz de entrar
na cabeça de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha e mostrar o que é ver
o mundo com os olhos de um gorila, de um cachorro ou de uma galinha. Mas dá
para chegar mais perto do que você imagina.
CONSCIÊNCIA
Um camaleão não sabe que está mudando de cor quando se camufla. Cobras não têm
consciência de que enganam predadores quando se fingem de mortas. E pelicanos
voam numa formação em V sem compreender que assim poupam energia e facilitam a
comunicação entre o bando e o líder. Tudo isso é obra da seleção natural. Tem
tanto a ver com inteligência quanto não conseguir tirar os olhos de uma outra
pessoa porque ela é bonita. É instinto cego, obra da natureza.
Mas para começar a entender como funciona a inteligência em mentes que não são
de Homo sapiens, temos que compreender como elas percebem o mundo. Para os
humanos, uma rosa é uma flor romântica. Para um besouro, ela é um território de
caça. Um leopardo mal percebe que as rosas existem. Um cachorro não vai ligar
pra ela, a menos que ela contenha xixi de outro cachorro ou tenha sido tocada
pelo dono. Aí, sim, ele vai dar à rosa um montão de significados.
"Enquanto somos seres visuais, os cães sentem a realidade com o
focinho", diz a psicóloga americana Alexandra
Horowitz, especialista em comportamento animal. Ao cheirar um cafezinho,
por exemplo, algumas pessoas conseguem saber se ele foi adoçado com uma colherinha
de açúcar. Já um beagle consegue
farejar uma colher de açúcar diluída numa quantidade de café equivalente a duas
piscinas olímpicas.
Assim, o universo dos cachorros é um estrato de cheiros diferentes. Talvez por
isso eles não liguem para a própria imagem no espelho. Mesmo que não concluam
que a imagem é a deles, não sentem nenhum cheiro diferente, então não
interpretam como sendo outro cachorro. Esse supernariz também lhes confere a habilidade de um detetive. Graças
aos odores que você exala e às células epiteliais que deixa pelo caminho, seu
cão sabe quase tudo sobre você: por onde andou, quais objetos tocou, o que
comeu, se beijou alguém ou se correu um pouco. Exceto a comida, claro, ele não
se interessa pelos outros dados. O olfato do cão é capaz até de rastrear
doenças em humanos, como mostra um recente estudo da Universidade Kyushi, no Japão. O labrador Marine, de 8 anos, detectou câncer de intestino ao cheirar
o hálito e as fezes de pacientes. Tumores de pele, pulmão e bexiga também já
foram farejados por cães em estudos anteriores. Mas nem vem, cachorrada: nossa
capacidade de ler placas lá longe na estrada deixaria vocês morrendo de
inveja...
Bom, para sentir inveja, um animal precisaria ter autoconsciência - uma noção
ampla sobre quem ele é no mundo. Chimpanzés,
por exemplo, têm sentimentos complexos como inveja e vergonha (escondem o rosto
quando fazem alguma besteira). E quem tem vergonha não é menos consciente que
nós.
O teste mais clássico para auferir consciência é o do espelho. Seu cachorro ou
gato não passa por essa prova. Mas chimpanzés, elefantes e golfinhos fazem isso
sem problema. Eles não só sabem quem e o que são como têm o poder de analisar o
que os outros estão pensando. A primatologista
Jane Goodall observou que um chimpanzé evita até olhar para uma fruta
enquanto outros chimpanzés estão presentes - só para abocanhá-la inteira quando
está sozinho. Alguns tampam a cara para impedir que os outros saibam que estão
com medo. Tudo bem que falar de chimpanzés é covardia: geneticamente, eles
estão mais próximos de nós que dos gorilas - se um ET chegasse à terra,
provavelmente não saberia distinguir a Scarlet
Johanson de uma chimpanzé mais ajeitada. Ele pensaria: "Essa macacada
é tudo igual"... Você não acha que ovelha, por exemplo, é tudo igual?
Claro. Mas as ovelhas não. Uma pesquisa da Universidade de Cambridge mostrou
que elas identificam o rosto de pelo menos outras 50 ovelhas. É isso aí: até os
animais menos brilhantes podem surpreender. Mas nenhum é tão malandro quanto os
que a gente tem dentro casa.
ESPERTEZA
Poucas coisas incomodam tanto quanto choro de gato com fome. Parece que ele vai
morrer se você não der comida na hora. Mas não se desespere: pode ser um truque
do bichinho. A cientista Karen McComb,
da Universidade de Sussex, na Inglaterra, descobriu que alguns gatos emitem
uma súplica de alta freqüência, similar ao choro de um bebê, que dispara um
senso de urgência no cérebro humano. Resultado:
os donos se sentem compelidos a
alimentá-los. Isso é um instinto que animais domésticos desenvolvem. Eles
nascem sabendo isso. Então não é indício de inteligência para valer, certo?
Errado: "Dos gatos que analisamos, só choravam assim os que viviam em
casas habitadas por uma só pessoa. Ou seja: gatos aprendem a enfatizar
dramaticamente o choro quando vivem com humanos numa relação de um para
um", diz McComb.
Com esse miau histérico, Garfield e sua turma dão um show de inteligência
emocional: eles sacam a fraqueza do dono para manipulá-lo. Cachorros não são
menos malandros. Eles também fazem suas demandas de acordo com o público da
casa. "Cães aprendem rápido quem são as pessoas que podem colaborar e as
que não lhes dão bola", diz
Horowitz.
Eles fazem isso melhor que qualquer outro animal. Num ranking de inteligência
emocional, os cães seriam os campeões, de longe. O segredo deles é o contato
visual. Eles são os únicos bichos que sabem o que você está pensando: olhando
nos olhos eles podem detectar o nível de atenção dos donos e atuar de acordo
com ele. Essa habilidade é um atributo evolutivo: cães são descendentes de
lobos que trocaram a matilha pelas aglomerações humanas há 13 mil anos. Os que
melhor emulavam o comportamento humano (incluindo aí a habilidade de ler a
mente do outro olhando nos olhos) cresceram e se multiplicaram porque viraram
os preferidos dos humanos. Os que não tinham esse dom ficaram pelo caminho. E
hoje todo cão é um expert em contato visual. Como eles sabem aplicar essa
habilidade inata para resolver desafios (identificar seus potencias
colaboradores entre os humanos da casa), não há como negar sua inteligência.
Mas o brilho da mente dos cachorros e gatos não chega perto da de um
concorrente quase descerebrado: o papagaio. Um exemplar da espécie, Alex, contava até 6 e manejava um
vocabulário equivalente ao de uma criança de 2 anos. O papagaio, morto em 2007,
aos 31 anos, também distinguia objetos pelo formato, cor e composição. Sua
treinadora, Irene Pepperberg, lhe
mostrava 5 objetos de plástico (3 amarelos, 1 roxo e 1 vermelho) e um pedaço de
madeira verde. Depois perguntava: "Qual é o material verde, Alex?".
Ele respondia: "Madeira". E quando ela indagava "Quantos
amarelos tem aqui?", ele tirava de letra: "Três".
Essa capacidade de entender o mundo, somada à habilidade que os papagaios têm
de imitar nossa voz fazia com que Alex fosse visto como uma pessoa com asas, um
desenho animado ao vivo. Era a noção humana de inteligência encarnada numa ave
com o cérebro do tamanho de 3 castanhas-do-pará.
Por essas Alex jogou uma pá de cal numa antiga noção da ciência: a de que
sempre há uma relação direta entre o tamanho do cérebro e a capacidade
cognitiva. Com seu cérebro de 9 g (o nosso tem 1 500 g), o papagaio era mais
perspicaz que um cachalote - dono do maior cérebro do planeta, com quase 8
quilos. A proporção entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo também não
diz tudo, pois favorece bichinhos nada brilhantes. No esquilo, por exemplo, a
relação entre o tamanho do cérebro e o do corpo é de 3%, contra 2% no homem.
Outra explicação clássica é o tamanho do neocórtex. É a parte mais externa do cérebro, justamente a que
evoluiu por último no reino animal. Só os mamíferos têm (e o nosso é enorme).
Mas hoje sabe-se que ele não é indispensável para o pensamento. Alex, que não
era mamífero, não tinha neocórtex. Mas raciocinava. E outros pássaros também
dão show de inteligência. Principalmente os corvos. O zoólogo de Cambridge Christopher
Bird (piada pronta: bird, hehe) viu corvos jogando pedras dentro de um
reservatório para fazer subir o nível da água e, assim, poder tomá-la. Eles
selecionavam as pedras maiores para que a água subisse mais rápido. Nas praias
do norte da Europa, corvos pegam conchas com o bico na areia. Levam até o alto
e jogam em cima das pedras. Depois de alguns arremessos as conchas quebram e
eles comem o recheio. Seus parentes de áreas urbanas fazem a mesma coisa. Só
que jogam as conchas na faixa de pedestre das avenidas à beira-mar, esperam os
carros passar por cima e catam o recheio quando o sinal fica vermelho. É fato:
os corvos entendem causalidade ("se eu fizer X, acontecerá Y"). Em
outras palavras, eles pensam muito bem. E melhor do que qualquer outro animal,
fora os primatas e catáceos.
LINGUAGEM
O Homo sapiens é o único animal
capaz de dominar sintaxe, formar frases complexas e registrar o que pensa.
Fato. Mas alguns bichos podem compreender a nossa linguagem quase como se
fossem uma pessoa - embora não consigam reproduzi-la com a desenvoltura de um
papagaio.
Que o diga Kanzi, um bonobo (parente do
chimpanzé) criado pela pesquisadora americana Sue Savage-Rumbaugh. Ele cresceu exposto ao nosso vocabulário e
domina 400 palavras. Como não pode falar, Kanzi forma frases apontando para um glossário
com símbolos. Eles representam de substantivos e verbos simples, como
"banana" e "pular", a conceitos complexos, como
"antes" e "depois". Kanzi pode até conjugar verbos -
inclusive no passado e no gerúndio. É mais ou menos como você tentando se virar
numa viagem para o Camboja. Você pode até voltar entendendo algumas palavras do
cambojano, mas dificilmente vai ter aprendido a conjugar algum verbo. É bem
mais difícil. E olha que cambojanos e brasileiros são todos animais da mesma
espécie. Ponto para Kanzi, então.
Golfinhos aprendem linguagens artificiais, como demonstrou o psicólogo Louis Herman, da Universidade do Havaí, EUA. Numa delas, palavras representadas por
sons de computador formavam 2 mil frases. Quando os golfinhos ouviam "ESQUERDO BOLA BATER", por
exemplo, entendiam que era para bater na bola do lado esquerdo. E também
compreendiam a ordem das palavras. Sabiam que o pedido "PRANCHA PESSOA ÁGUA" era para que levassem uma prancha a
uma pessoa que estava na água. Já "PESSOA
PRANCHA ÁGUA" era para levar a pessoa à prancha na água. Não existe diferença
entre fazer isso e aprender um idioma. Ponto para os golfos.
Mas talvez nem eles sejam páreo para Chaser,
uma border collie. A cadela aprendeu o nome de mais de mil objetos - a
maioria brinquedos, mas tudo bem. Seu dono, um psicólogo, já nem conta mais
quantas palavras ela sabe. Agora ele prefere lhe ensinar rudimentos de
gramática.
Então estamos de acordo: certos animais, quando treinados, conseguem
compreender parte da linguagem humana. Mas o que isso importa para os outros
animais de sua espécie? Kanzi não vai usar seu glossário com bonobos que vivem
na floresta. E Chaser pode até aprender versos de Shakespeare, mas será inútil
tentar esbanjar seu intelecto com outros cães. Mas a idéia de que eles
praticamente não se comunicam entre si morreu faz tempo. Até as abelhas fazem
isso: elas dançam para informar a distância e a direção das fontes de
alimentos.
Golfinhos têm uma linguagem interna.
Eles se comunicam por assobios e sinais corporais como saltos, tapas da cauda
na água e fricção da mandíbula. Cada animal tem uma modulação única, o que lhe
confere uma voz individual.
Kathleen Dudzinski, diretora do Dolphin
Communication Project, escuta esses animais há quase 20 anos com aparelhos
que registram a frequência e as nuances de sua linguagem. Mas admite que ainda
falta muito para decifrá-la, sobretudo porque golfinhos nadam rápido e é
difícil captar uma conversa entre vários animais debaixo d’água. Além disso,
cada sinal varia conforme o contexto. Com os humanos é igual: dependendo da
situação, uma pessoa que levanta a mão aberta quer dizer "tchau",
"pare" ou "custa R$ 5,00.
O mistério sobre a língua dos golfinhos - e a das baleias, que se comunicam de
um jeito parecido com o de seus primos - continua. Mas a tecnologia pode dar
uma força. Merlin, um golfinho nariz-de-tesoura que vive em
Puerto Aventuras, no Caribe mexicano, é o primeiro de sua espécie a usar
iPad. Seu treinador, Jack Kassewitz,
espera que a tela sensível ao toque do focinho comece a facilitar a comunicação
entre humanos e cetáceos. Bom, tomara que eles não fiquem só jogando Angry
Birds, como fazem os humanos quanto colocados diante do tablet.
EMOÇÕES
Falando em Angry Birds, passarinhos não só ficam nervosos como amam também.
Mais de 90% das aves são monogâmicas. Gansos
e corvos passam a vida fiéis a um único parceiro - já os casais de pombos
não são tão pombinhos assim: eles traem; mas não tiram a aliança da pata.
"Desconfio que aves se apaixonam mesmo, porque alguma recompensa interna
[a sensação boa de amar alguém] é necessária para manter um relacionamento de
longo prazo", diz o biólogo Bernd
Heinrich, da Universidade de Vermont, EUA.
É realmente improvável que o amor tenha aparecido entre os Homo sapiens sem nenhum precursor na escala evolutiva. E, como
imaginou Darwin, o mesmo vale para o
prazer, a dor... e a saudade.
Veja o caso dos cachorros. A espécie
evoluiu para se tornar mais que uma subespécie de lobo. Emocionalmente ele está
mais para um humano de quatro patas. Na alegria e na tristeza. Alguns se
recusam a comer quando o dono vai viajar e voltam a aceitar o prato depois de ouvir
a voz de seus pais humanos no telefone. É uma forma primitiva de saudade.
Mas poucos animais mostram suas emoções com tanta clareza quanto os elefantes.
Eles ficam de luto, por exemplo. Quando reconhecem a ossada de um membro do
grupo, eles gentilmente se reúnem em volta dele. Joyce Poole, que estuda elefantes há mais de 30 anos, acredita que
órfãos dessa espécie sofrem de depressão, até: filhotes que presenciaram a mãe
ser morta acordam gritando. Chimpanzés
órfãos também são emotivos: passam horas se despedindo do corpo da mãe.
Vacas também têm seus momentos de dor. Mas a maior característica delas é
outra: são fofoqueiras. Formam pequenos grupos de amigas, têm rixas com outras
vacas e guardam rancor por anos. Elas também sentem prazer ao vencer desafios. Um estudo da Universidade de Cambridge mostrou
que, quando elas aprendiam a abrir uma porta para obter comida, por exemplo,
suas ondas cerebrais e seus batimentos cardíacos mostravam um alto nível de
excitação. Acontecia a mesma coisa quando elas estavam prestes a transar -
mesmo quando quem vinha por trás era outra vaca, brincando de montar em cima
dela.
O prazer com o sexo também parece universal. E entre os mamíferos é parecido com o nosso. Às vezes, melhor. As fêmeas de bonobo têm órgãos sexuais
enormes, do tamanho de bolas de futebol. E clitóris comparável a um dedo. Elas
passam o dia se masturbando e chamando para a cama qualquer macho que passe
pela frente - até por isso os bonobos são os mais pacíficos entre os grandes
macacos: os homens não brigam por mulher. E mulher não briga por homem: na
falta de macho, elas se viram entre si.
Nada é tão comum entre nós e as outras coisas vivas do mundo quanto a busca
pelo prazer. Hipopótamos estiram as
pernas para deixar que os peixes mordisquem seus dedos, numa verdadeira sessão
de massagem. Os batimentos cardíacos dos cavalos
caem quando têm o cabelo da nuca escovado. Eles relaxam. O perfume Obsession for Men, da Calvin Klein, é
atrativo para fêmeas de guepardos. E existe o prazer em fazer o mal também. Golfinhos, por exemplo, têm um lado
sádico: se aproximam sorrateiramente de gaivotas que descansam na água, dão um
caldo nelas e as liberam depois de mantê-las alguns segundos debaixo d’água,
sofrendo.
Mas o macaco rhesus, um primata
asiático com jeito de babuíno, está aí para redimir seus colegas aquáticos. Num estudo da Universidade Northwestern,
EUA, os macacos precisavam apertar um botão para ganhar comida. Mas sempre
que eles faziam isso outros rhesus levavam
um choque (de leve, mas um choque). Alguns macacos não se importaram. Mas com
outros foi diferente. O psicólogo
americano Frans De Wall conta melhor: "Um macaco parou de apertar o
botão por 12 dias depois de ver outro levar choque. Ele estava morrendo de fome
para não causar sofrimento aos outros". Pois é. Não precisa ser gente para
pensar, se emocionar ou aproveitar a vida. Nem para ser gente fina.
GALINHAS FAZEM PLANOS
Galinhas se preocupam com o futuro. Cientistas ensinaram
galinhas a bicar 2 botões para obter 2 recompensas distintas. Com o botão 1
elas esperavam pouco (2 segundos) para obter pouca recompensa (3 segundos de
acesso a comida). Com o 2, elas esperavam muito (6 segundos) para obter muito
(22 segundos de comilança). A conclusão? A pesquisadora britânica Christine
Nicol resume: "Com incentivo, as galinhas foram capazes de exercer
auto-controle”.
LÍNGUA PRIMATA
O vervet aqui em cima, um miquinho africano, tem um idioma
próprio. É um sistema de alarmes sonoros, em que cada grunhido corresponde a um
predador. Grandes macacos, como chimpanzés,
também usam gestos e expressões faciais. E tentam levar vantagem em tudo. Um
macaco que tem uma lesão na pata e descobre que, enquanto estiver ferido, não é
atacado pelo macho dominante, continua mancando na frente dele depois de a
ferida ter sarado completamente.
QI canino
Os mais inteligentes
• Border collie
• Poodle
• Pastor alemão
• Golden retriever
•Doberman
Os mais ou menos
• Dálmata
• Husky siberiano
• Greyhound
• Boxer
• Dinamarquês
Os menos
• Shih-tzu
• Chow chow
• Buldogue
• Basenji
• Afghan hound
Os mais espertos
1º Grandes macacos e cetáceos
Chimpanzés, gorilas, golfinhos e baleias se comunicam bem entre si e se
entendem com os humanos.
2º Corvídeos
São aves superdotadas. Vivem em sociedades complexas, se reconhecem no espelho
(coisa rara no mundo animal). E confeccionam ferramentas.
3º Carnívoros sociais (leões, hienas, lobos)
Não são grandes crânios, mas na hora da caça cooperam com mais eficiência que
um time de futebol. Os cachorros, parte desse grupo, são os que melhor entendem
nossa mente.
4º Animais de rebanho (vacas, cabras)
Têm cara de burros. São burros. Mas mantêm alguns vínculos sociais. E sentem
prazer, excitação e ansiedade.
Para saber mais
A Cabeça do Cachorro
Alexandra Horowitz, Best Seller, 2010
Minding Animals
Marc Bekoff, Oxford University Press, 2002
Wild Minds
Marc Hauser, Henry Holt, 2000
Muito bacana! Vocês também gostaram, amigos?
Beijinhos científicos "procês"!