Definitivamente tem sido difícil entender a cabeça do "ser humano". A nossa espécie tem dado amostras claras e terríveis da falta de civilidade e pior, de pura maldade, sem limites inclusive.
A semana passada, foi infestada de episódios ruins, cruéis, desumanos...
Foram dias em que tive vontade de fazer uma besteira, de gritar, de brigar, de bater e até de apanhar se preciso fosse. Está ficando cada vez mais difícil lidar com alguns "humanos", a impressão que eu tenho, é que algumas "pessoas", muitas "pessoas" aliás, estão regredindo, andando sempre pra trás e se tornando cada vez mais desumano.
Esse cachorrinho acima, é uma prova cabal da irresponsabilidade e crueldade da nossa espécie. Ele "era" (porque morreu) um POODLE, lindo, sapeca e super agitado. Morava a três casas depois da minha, os seus "donos" se mudaram para minha rua, há um ano e meio mais ou menos.
Todos os dias esse cachorrinho chorava, uivava, gritava muito. Eram horas e horas de choro sem que alguém fizesse alguma coisa. Como eles eram novatos na rua, ninguém sabia responder o que acontecia com esse bichinho. Então um dia fui lá, apertei a campainha e uma senhora idosa veio me atender. Falei com ela sobre o cachorro, perguntei por que ele chorava tanto e pedi pra vê-lo.
Ela não deixou, disse que não tinha autorização pra deixar ninguém entrar na casa, que filha dela estava trabalhando, que ela cuidava das crianças e blá blá blá... Assim mesmo, eu dei uma bronca, disse que o cachorro precisava passear, não podia ficar preso o tempo inteiro (isso porque ela me disse que o cachorro chorava, porque ficava no quintal e queria entrar na casa), coisas que todo mundo já sabe, que os bichinhos não podem viver enclausurados no fundo de um quintal.
Depois que eu sai de lá, trinta minutos depois, vi a neta dessa senhora, uma adolescente de mais ou menos uns treze anos, sair para passear com o cachorrinho. Aproveitei para conhecer o cachorro e fui lá conversar com a garota. O POODLE, realmente lindo e muito dócil estava muito feliz passeando. Coisa linda de apreciar, é a alegria de um animal. Disse para ela passear mais com ele, brincar, correr, pois ele precisa gastar essa energia para que não fique ocioso e irritado em casa. Ela me respondeu, que o cachorro chorava muito, por causa do xixi e do cocô que ele fazia dentro de casa e, para que isso não acontecesse, ele ficava o tempo inteiro no quintal. Então mais uma vez expliquei, já cansativamente, que era possível ensiná-lo, com o tempo e aos poucos, ele ia deixando de fazer dentro de casa, mas que era um processo que as vezes poderia demorar um pouco e outras vezes não, isso depende de cada animal, mas que certamente, ele aprenderia, se elas ensinassem.
Fui para casa acreditando que tudo se resolveria... Mas no outro dia a mesma coisa, cachorro chorando e eu inquieta em casa. Mais uma vez, agora eu e a outra vizinha fomos lá. Campainha, porta abrindo, senhora aparecendo, repetindo o mesmo diálogo e nós pedindo a mesma coisa, ver o cachorro. Nada feito! Ela não deixou! Me irritei, disse que queria falar com a mãe das crianças, com pai, seja com quem fosse, mas precisava falar com eles.
A mãe estava viajando há 15 dias, o pai só estava à noite, chegava tarde... Minha vizinha se encarregou de conversar com pai assim que ele chegasse e assim foi. Ela conversou, ele meio a contra gosto ouviu e nada falou, mas o choro do cachorro diminuiu consideravelmente.
De vez em quando a gente ainda ouvia ele chorar, mas depois parava, parecia tudo mais calmo e tranquilo, pensamos então, que agora o cachorro estava mais feliz, pois quase não ouvíamos latidos ou choro. E assim a vida prosseguiu... até quinta-feira da semana passada.
Estou eu em casa, quando a minha vizinha que me acompanhou naquele outro dia, me chamou e pediu minha ajuda, pois a empregada da casa (do cachorro) disse que ele estava morrendo. Eu espantada com a notícia corri para lá.
O cachorrinho estava gelado, mole e quase não se movia. Perguntei o que aconteceu e ela contou: "o cachorro estava bonzinho quando o levei pra tomar banho, quando fui buscar, ele veio assim" - disse ela.
Hã? como assim??? Um cachorro não fica doente desse jeito, só porque tomou banho! Aí tem coisa, fale logo o que aconteceu!!! Onde ele tomou banho? Vou lá agora!!!
Conheço o lugar onde o cachorro tomou banho, conheço a pessoa que dá banho nos cachorros. O local, é apenas uma casa de banhos de cachorros, não é clínica e nem usa remédios, é só para banhos, eu mesma já levei Lola lá muitas vezes. O local é limpo, organizado e nunca aconteceu nada desse tipo lá.
Fui conversar com a senhora do PETBANHO e ela me contou uma história bem diferente. Ela disse que apenas duas vezes deu banho nesse cachorro. A primeira vez foi há um ano atrás mais ou menos (acho que assim que eles mudaram para cá) e a segunda e última foi agora. Ela contou que a empregada da casa foi levar o POODLE nos braços e disse que a patroa dela chegaria na segunda-feira e, ela queria que ele estivesse limpinho, mas que ele estava com muito carrapato, que ela já tinha colocado remédio ontem mas não adiantou. Disse que esse cachorro dava muito trabalho e iria falar com a patroa, para ela dar esse cachorro pra outra pessoa, pois ela não tinha tempo de cuidar, já que tomava conta da casa, das crianças e ainda tinha que cuidar de cachorro?
Quando a funcionária abriu os pêlos do POODLE, levou um choque! Eram tantos carrapatos, muitos, aos montes, era como se para cada fio de pêlo, tivesse um carrapato, ou seja, eram milhares...
Ela começou a tirar, mas era impossível. Ela ligou para empregada e falou da dificuldade de tirar os carrapatos e disse que ela precisava levá-lo ao veterinário, pois ele estava muito mole e parecia doente.. Então a empregada, pediu para ela dá o banho nele que depois ela iria pegá-lo.
Mais tarde, a moça foi buscá-lo, mas a funcionária do PET já tinha ligado para o veterinário da MOBIDICK que foi lá examinar o animalzinho. Examinou e disse que ele precisava ser internado urgente, senão morreria. Ele nem se mexia mais. Ele foi levado para clínica, foi imediatamente para o soro e colhido o material para exames. Ele ficou lá na quinta-feira...
Algumas horas depois fui lá olhar o cachorrinho na MOBIDICK, foi quando tirei essa foto. Era de cortar o coração... gente, não sei até onde vamos parar. Poxa, era um cachorro que tinha casa, tinha "dono" mas não era amado. Vivia no quintal, não saia quase pra nada. Imagino a solidão que era para esse bichinho.
Enquanto o cãozinho estava na clínica, eu brigava na porta da casa dos "donos", porque a empregada insistia em dizer que o cachorro estava bonzinho e saiu do PET morrendo. Aí, eu tive que entrar na confusão, disse que esse cachorro, sempre chorou, nunca passeava e eu nunca tinha visto uma palavra de amor de alguém dessa casa com esse bichinho. Que agora ela acusava o PET de forma mentirosa, porque não havia absolutamente nada que pudesse provar o que ela estava dizendo e que o próprio veterinário teve que ser chamado por outra pessoa, porque eles, os "donos", sequer se mobilizaram em chamar um profissional para examinar o bichinho. Disse também, que ela não deixava o cachorro entrar em casa, porque não queria limpar nada de sujeira que ele fizesse... Ah foram muitas coisas ditas, palavras fortes, bate-boca, essas coisas... mas o que importava mesmo, era a vida desse animal e, eu deixei bem claro, para ela avisar aos patrões, que esse cachorro não voltava mais para casa dele. Eu iria na justiça pra tomar a tutela. "Pode ir avisando, minha querida! Eu vou ficar com ele e encontrar uma outra família para que ele possa ser feliz de verdade e não viver jogado num fundo de um quintal" - eu disse.
Essa tragédia, infelizmente não acabou bem. No outro dia, sexta-feira, liguei para clínica de manhã e recebi a notícia que ele não tinha resistido... morreu.
Os resultados dos exames saíram, deram: BABÉSIA, ERLIQUIA e suspeita de CALAZAR, precisando ainda fazer um exame específico de CALAZAR para se ter certeza. Ele já estava em estágio avançado das doenças, por isso estava morrendo.
Não preciso dizer mais nada, né?
Parece que terminou? Não! Ainda tem um último e bizarro episódio.
O corpo do cãozinho já estava enrolado em faixas e coberto por plástico quando o veterinário foi entregá-lo de volta aos seus "donos", para que eles tomassem as providências que cabem a um momento como este, que seria o de enterrá-lo, não é mesmo?
Pasmem! Sabem o que eles já haviam decidido? Iam colocar o corpo do animal que vivia com eles há anos, na porta da casa para que o caminhão de lixo levasse à noite.
Essa é a nossa espécie!!! Tenho vergonha!!!
Obs: Não se preocupem, tomei o cachorro, pedi ao vigia da rua que me ajudasse e o enterrei com a dignidade que ele merece, num terreno próximo a minha casa. Agora ele descansa em paz.
Vou demorar muito a me recuperar disso...
Beijinhos tristes "procês"!
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